Me obriguei a assistir a 250 filmes clássicos do cinema, e aqui está o que aprendi. [PT-BR]
Introdução Demorei um total de 10 anos para concluir a lista, pois assisti a outros filmes ao longo do caminho, além de lidar com o fato de que a lista não era fixa e mudou bastante ao longo dos anos. Além disso, houve períodos em que fiz longas pausas antes de retomar o projeto. Foi extremamente difícil manter o foco em uma meta tão longa e cumpri-la sem desistir no meio do caminho. Minha principal motivação foi o desejo de não passar pela vida sem entender pelo menos o básico sobre cinema. A ideia da lista foi conhecer de maneira eficiente os clássicos do cinema, principalmente de Hollywood. Usei a lista da IMDB. O melhor dessa abordagem foi assistir aos filmes na ordem da lista, sem pular nenhum, sem deixar o gosto pessoal interferir ou permitir que pensamentos como "não é o meu tipo de filme" ou "não é do meu gosto" atrapalhassem. Superar esses preconceitos me permitiu conhecer obras-primas. Além disso, a lista visava sair do óbvio, evitando filmes viralizados nas redes sociais, de alta bilheteria, ou recomendados por amigos, e ignorando os trailers mais vistos do YouTube. Assim, pude explorar filmes antigos, já fora da mídia há muito tempo, aquele filmes longos em preto e branco, e viajar pela história do cinema. Não vou entrar no merito de julgar a lista em si por enquanto, mas ela é provavelmente a lista mais popular, serviu bem como introdução e hoje conheço outras listas com seriam mais variadas e talvez mais justas. Uma questão importante é que, neste texto, decidi não comentar ou citar todos os filmes individualmente por questões práticas, já que isso tornaria o texto muito longo. Procurei capturar a essência geral deles e resumi-la aqui. Viagem Assistir a um filme é emprestar nossos olhos para outras vidas, mesmo aquelas mais distantes da nossa realidade. Cada filme é uma janela para histórias contadas de perspectivas únicas, moldadas por épocas diferentes, diretores singulares e uma rica teia de influências culturais, artísticas e filosóficas. São histórias grandiosas ou breves, ambientadas em mundos fantásticos ou em realidades profundamente íntimas. Algumas exploram universos inteiros, enquanto outras se concentram no microcosmo de uma vida, seja ela realista ou fruto da imaginação. O cinema, em sua essência, é uma viagem: uma oportunidade de experimentar realidades distantes da nossa, vivenciar sentimentos que nunca havíamos considerado, e enxergar o mundo sob prismas completamente novos, são como cápsulas do tempo, permitindo-nos entender como as pessoas pensavam, sentiam e se expressavam em diferentes períodos da história. É uma lição de humildade e de expansão da consciência, para entender que minha vida é apenas uma bolha, que meus valores e minha forma de viver são apenas uma possibilidade entre as infinitas existentes, que aquilo em que acredito não deve ser imposto aos outros, e que devo aprender com outras experiências, realidades, formas de ver as coisas e maneiras de viver. Senso Critico Com o tempo, fui percebendo padrões, modelos mentais e as diferentes formas de construção de um roteiro, de contar uma história e de prender a atenção do espectador. É curioso identificar esses padrões: começar a assistir a um filme e já compreender a mensagem que ele deseja transmitir, antecipar como a narrativa provavelmente se desenvolverá e terminará. Isso torna cada vez mais difícil ser surpreendido ou encantado, mas, ao mesmo tempo, faz com que fique mais fácil reconhecer quando a história tem o ritmo adequado ou quando se arrasta, quando os personagens são bem desenvolvidos e quando outros são deixados de lado. Valor de um clássico Aprendi a reconhecer o verdadeiro valor de um filme clássico: é aquele que, de tão influente, acaba se tornando um molde para os filmes que vêm depois dele. Os clássicos servem como uma base sólida para a criação cinematográfica. Se você assistiu a poucos clássicos, pode acabar achando que filmes recentes são incrivelmente geniais, criativos e inovadores, quando, na verdade, muitos deles foram diretamente inspirados por esses grandes marcos do cinema. Por isso, é fundamental ter essa referência para compreender o que realmente é novo e disruptivo. Filmes que ensinam filosofia Os filmes compartilham a capacidade de abordar aspectos profundos da condição humana, explorando temas universais como amor, poder, moralidade, sacrifício, identidade, liberdade, justiça e propósito. Apesar de suas diferenças em gêneros, épocas e estilos narrativos, cada um deles provoca reflexão, desafia percepções e conecta o espectador a dilemas filosóficos e emocionais atemporais. Conheci grandes diretores e suas obras primas Gostaria de destacar os filmes que provavelmente não teria assistido dessa lista e dos quais aprendi muito. Conheci o diretor japonês Akira Kurosawa, que realizou filmes como Seven Samurai, Rashomon, Ikiru, Ran, Yojimbo e High and Low. Seus filmes são extremamente influentes na cultura ocid
Introdução
Demorei um total de 10 anos para concluir a lista, pois assisti a outros filmes ao longo do caminho, além de lidar com o fato de que a lista não era fixa e mudou bastante ao longo dos anos. Além disso, houve períodos em que fiz longas pausas antes de retomar o projeto. Foi extremamente difícil manter o foco em uma meta tão longa e cumpri-la sem desistir no meio do caminho. Minha principal motivação foi o desejo de não passar pela vida sem entender pelo menos o básico sobre cinema.
A ideia da lista foi conhecer de maneira eficiente os clássicos do cinema, principalmente de Hollywood. Usei a lista da IMDB. O melhor dessa abordagem foi assistir aos filmes na ordem da lista, sem pular nenhum, sem deixar o gosto pessoal interferir ou permitir que pensamentos como "não é o meu tipo de filme" ou "não é do meu gosto" atrapalhassem. Superar esses preconceitos me permitiu conhecer obras-primas. Além disso, a lista visava sair do óbvio, evitando filmes viralizados nas redes sociais, de alta bilheteria, ou recomendados por amigos, e ignorando os trailers mais vistos do YouTube. Assim, pude explorar filmes antigos, já fora da mídia há muito tempo, aquele filmes longos em preto e branco, e viajar pela história do cinema.
Não vou entrar no merito de julgar a lista em si por enquanto, mas ela é provavelmente a lista mais popular, serviu bem como introdução e hoje conheço outras listas com seriam mais variadas e talvez mais justas.
Uma questão importante é que, neste texto, decidi não comentar ou citar todos os filmes individualmente por questões práticas, já que isso tornaria o texto muito longo. Procurei capturar a essência geral deles e resumi-la aqui.
Viagem
Assistir a um filme é emprestar nossos olhos para outras vidas, mesmo aquelas mais distantes da nossa realidade. Cada filme é uma janela para histórias contadas de perspectivas únicas, moldadas por épocas diferentes, diretores singulares e uma rica teia de influências culturais, artísticas e filosóficas.
São histórias grandiosas ou breves, ambientadas em mundos fantásticos ou em realidades profundamente íntimas. Algumas exploram universos inteiros, enquanto outras se concentram no microcosmo de uma vida, seja ela realista ou fruto da imaginação. O cinema, em sua essência, é uma viagem: uma oportunidade de experimentar realidades distantes da nossa, vivenciar sentimentos que nunca havíamos considerado, e enxergar o mundo sob prismas completamente novos, são como cápsulas do tempo, permitindo-nos entender como as pessoas pensavam, sentiam e se expressavam em diferentes períodos da história.
É uma lição de humildade e de expansão da consciência, para entender que minha vida é apenas uma bolha, que meus valores e minha forma de viver são apenas uma possibilidade entre as infinitas existentes, que aquilo em que acredito não deve ser imposto aos outros, e que devo aprender com outras experiências, realidades, formas de ver as coisas e maneiras de viver.
Senso Critico
Com o tempo, fui percebendo padrões, modelos mentais e as diferentes formas de construção de um roteiro, de contar uma história e de prender a atenção do espectador. É curioso identificar esses padrões: começar a assistir a um filme e já compreender a mensagem que ele deseja transmitir, antecipar como a narrativa provavelmente se desenvolverá e terminará. Isso torna cada vez mais difícil ser surpreendido ou encantado, mas, ao mesmo tempo, faz com que fique mais fácil reconhecer quando a história tem o ritmo adequado ou quando se arrasta, quando os personagens são bem desenvolvidos e quando outros são deixados de lado.
Valor de um clássico
Aprendi a reconhecer o verdadeiro valor de um filme clássico: é aquele que, de tão influente, acaba se tornando um molde para os filmes que vêm depois dele. Os clássicos servem como uma base sólida para a criação cinematográfica. Se você assistiu a poucos clássicos, pode acabar achando que filmes recentes são incrivelmente geniais, criativos e inovadores, quando, na verdade, muitos deles foram diretamente inspirados por esses grandes marcos do cinema. Por isso, é fundamental ter essa referência para compreender o que realmente é novo e disruptivo.
Filmes que ensinam filosofia
Os filmes compartilham a capacidade de abordar aspectos profundos da condição humana, explorando temas universais como amor, poder, moralidade, sacrifício, identidade, liberdade, justiça e propósito.
Apesar de suas diferenças em gêneros, épocas e estilos narrativos, cada um deles provoca reflexão, desafia percepções e conecta o espectador a dilemas filosóficos e emocionais atemporais.
Conheci grandes diretores e suas obras primas
Gostaria de destacar os filmes que provavelmente não teria assistido dessa lista e dos quais aprendi muito.
Conheci o diretor japonês Akira Kurosawa, que realizou filmes como Seven Samurai, Rashomon, Ikiru, Ran, Yojimbo e High and Low. Seus filmes são extremamente influentes na cultura ocidental. Filmes como Seven Samurai influenciaram a criação do gênero western. Kurosawa explorou temas universais como moralidade, justiça e a natureza humana; em Rashomon, ele abordou múltiplas perspectivas sobre um mesmo fato. Além disso, ele criou grandes épicos com batalhas em grande escala, como em Ran.
O diretor russo Andrei Tarkovsky não apenas explora a fé e a arte em Andrei Rublev e os desejos e a natureza do conhecimento em Stalker; ele eleva o cinema ao reino do espiritual e do transcendente. Suas obras não oferecem respostas, mas nos convidam a contemplar perguntas que resistem ao tempo, desafiando a lógica e evocando o mistério da existência. Tarkovsky transforma cada cena em poesia visual, carregada de simbolismo e impregnada de silêncio, exigindo do espectador não apenas atenção, mas entrega.
O diretor sueco Ingmar Bergman aborda temas existenciais e psicológicos, explorando a condição humana e a complexidade das relações em filmes como O Sétimo Selo, que trata da mortalidade e da fé, e Persona, que investiga a identidade e a comunicação.
O Studio Ghibli abriu portas para mundos mágicos. Obras como My Neighbor Totoro, Spirited Away, Princess Mononoke, Howl's Moving Castle e Grave of the Fireflies me colocaram em mundos mágicos diferentes, transformando o cinema em uma janela para a fantasia. Grave of the Fireflies é um dos filmes mais tristes e chocantes que já vi, sendo um dos melhores sobre a Segunda Guerra Mundial na visão de crianças.
A genialidade de Charles Chaplin está em unir o cômico ao crítico. Em City Lights e Modern Times, sua comédia física transcende a palavra, abordando questões sociais com uma sensibilidade atemporal, revelando a beleza e a tragédia do humano.
Com Quentin Tarantino, aprendi a apreciar a arte do diálogo e a ousadia narrativa. Pulp Fiction, Reservoir Dogs, Kill Bill: Volume 1/2 e Inglourious Basterds são filmes com diálogos excelentes e inesquecíveis, com situações muito criativas. São filmes divertidos e provocadores. Ele se tornou um dos meus diretores favoritos, apesar de eu gostar mais dos filmes antigos, em que tudo era mais arriscado.
Stanley Kubrick foi uma lição sobre o poder do cinema como linguagem definitiva. 2001: A Space Odyssey e A Clockwork Orange expandem os limites do pensamento, confrontando temas como evolução, controle e caos. Suas obras são estudos sobre a condição humana em sua forma mais crua e universal.
Por fim, Clint Eastwood, com filmes como Unforgiven e Gran Torino, desconstrói o herói clássico e nos confronta com a redenção, o preconceito e a busca por sentido nos últimos capítulos da vida.
Contemplação
Ver um filme pode ser um ato de resistência contra a pressa do mundo moderno. Obras contemplativas como as de Andrei Tarkovsky ou Terrence Malick nos desafiam a desacelerar, a observar o que parece banal e encontrar beleza nele. São lembretes de que a vida, em sua essência, é feita de pequenos momentos, muitas vezes ignorados.
O valor dos criticos
Aprendi muito com a crítica cinematográfica. Ela vai muito além de decidir se um filme é apenas "bom" ou "ruim". A verdadeira crítica analisa a obra de todos os ângulos possíveis: suas influências, seus significados mais profundos, e como ela dialoga com outros filmes, livros ou movimentos culturais de sua época.
Eu não vivi uma vida cercada por uma vasta bagagem de leitura de clássicos ou por um profundo estudo de cinema, mas muitas pessoas na crítica fizeram exatamente isso. Graças a elas, podemos compreender que um filme não é uma criação isolada; ele é muitas vezes uma resposta a algo maior, como um livro, uma obra anterior ou até mesmo o contexto cultural em que foi produzido. Mesmo assistindo a um filme dez vezes, seria difícil perceber essas camadas sem a ajuda de quem se dedicou a desvendá-las.
Entender o contexto de uma obra é fundamental para quem busca uma apreciação mais profunda. Se você sente essa necessidade de compreender um filme em sua totalidade, é muito valioso ler e ouvir a opinião de diversos críticos. Essas pessoas dedicaram tempo e esforço para explorar nuances que, sozinhos, talvez nunca tivéssemos a oportunidade de perceber. A crítica, quando bem feita, não só amplia nossa visão sobre a obra, mas também nos ensina a ver o mundo com mais profundidade.
Durante minha jornada explorando os filmes da lista, acabei descobrindo canais no YouTube de críticos que enriqueceram ainda mais minha experiência. Entre eles, destaco Isabela Boscov, com sua análise sofisticada e envolvente; Meus 2 Centavos, que traz opiniões diretas e bem fundamentadas; PH Santos, com seu estilo acessível e reflexivo; Dalenogare Críticas, conhecido por seu olhar técnico e detalhista; e Entre Planos, que apresenta reflexões profundas sobre a linguagem cinematográfica e os temas explorados nos filmes. Esses criadores não apenas analisam filmes, mas também expandem a compreensão do cinema como arte e linguagem.
Conclusão
Assistir aos filmes da lista do IMDb acabou sendo uma das experiências mais transformadoras que já vivi. Comecei com a ideia de conhecer os clássicos do cinema de forma organizada, sem deixar o gosto pessoal atrapalhar, mas, no fim, isso virou algo muito maior. Foi como abrir uma porta para mundos, ideias e histórias que nunca teria explorado se seguisse só minhas preferências ou opiniões.
Ao encarar cada filme sem pular nenhum, mesmo aqueles que não pareciam “o meu tipo”, percebi o quanto eu estava limitando minha visão. Filmes que eu provavelmente ignoraria me trouxeram momentos incríveis de reflexão, emoção e aprendizado. O cinema deixou de ser só entretenimento pra virar uma verdadeira viagem no tempo, na cultura e nas ideias.
E sabe o que foi mais incrível? Perceber que cada filme, mesmo o mais antigo, tinha algo a dizer. Eles não só me apresentaram novas histórias, mas também me ensinaram a prestar atenção aos detalhes: a construção de personagens, o ritmo das narrativas, as mensagens escondidas. Quanto mais eu via, mais aprendia, e isso tornou impossível não enxergar o cinema como uma arte gigantesca, cheia de camadas.
No meio disso tudo, também entendi que não dá pra assistir a um clássico sem saber o contexto dele. Descobrir críticas, ler análises e ouvir pessoas que dedicam a vida a estudar cinema me ajudou a ir muito além do óbvio. Entender o porquê de um filme ser considerado genial foi tão enriquecedor quanto assisti-lo.
Hoje, quando olho pra essa experiência, sinto que cresci muito. Não só conheci grandes obras, mas também ampliei minha forma de enxergar o mundo e a arte. Cada filme foi uma oportunidade de sair da minha bolha, de desacelerar e de me conectar com histórias que, de alguma forma, me transformaram. O cinema, pra mim, virou um espaço pra aprender, sentir e viver coisas que nem sabia que precisava.